Em 1958, Ted Schwarzrock tinha oito anos e era aluno da terceira série quando se tornou um dos “filhos Torrance,” nome dado a um grupo de 400 crianças que viviam em Mineápolis, uma das cidades mais populosas do estado norte-americano do Minnesota, no Condado de Hennepin. Liderado pelo professor de psicologia da educação Ellis Paul Torrance, Schwarzrock ainda se lembra quando seu mentor lhe entregou um caminhão de bombeiros de brinquedo e perguntou: “Quais as mudanças você faria nesse brinquedo que o tornaria melhor?” Torrance ficou impressionado quando o menino apontou 25 melhorias que iam desde a adição de uma escada removível a ajustes nas rodas. Essa não foi à única vez que ele impressionou os estudiosos, que julgaram Schwarzrock ter "perspectiva visual incomum" e "a capacidade de sintetizar elementos diversos em produtos significativos."
Em tempo de crise o que fazer para dar a volta por cima? A história que acabei de contar nos ajuda a obter a resposta. O estudo de Torrance tinha como foco analisar e estimular a criatividade de cada um de seus alunos e foi aí que Schwarzrock se destacou.
Assim como Schwarzrock o pequeno empreendedor também deve ter uma “perspectiva visual incomum” ou trocando por miúdos deve ser criativo. Pensar diferente, sair do obvio combinando novas idéias e melhores resultados.
Uma boa maneira de driblar a crise é por realizar exposições criativas. Importante lembrar que não é preciso gastar muito para ter um PDV criativo e eficiente. Embora o custo possa variar um pouco dependendo do projeto que será desenvolvido, na maioria das vezes o custo é bem baixo, mesmo porque se gastarmos muito para realizar uma exibitécnica, por exemplo, ela perderá o sentido, já que o objetivo é atrair o consumidor, acelerar o giro do produto e em conseqüência gerar venda. Por isso o custo deve ser baixo e é possível que seja, sempre que desenvolvemos trabalhos diferenciados. Na maioria das vezes buscamos trabalhar com materiais reciclados que facilmente são encontrados na maioria dos PDVs, tais como paletes de madeira, papelão, chapatex, etc. Há ainda outros trabalhos que conseguimos desenvolver utilizando os próprios o que causa grande impacto visual e, portanto chamam muito a atenção e podem ser feitos com custo praticamente zero.
Independente do produto podemos desenvolver trabalhos diferenciados, basta soltar a imaginação e ter uma “perspectiva visual incomum”. Mas cuidado não adianta sair fazendo loucura, por exemplo: As exibitécnicas são excelentes maneiras de atrair o shopper e gerar vendas, mas não devemos achar que devemos transformar todos pontos extras em uma exibitécnica ou se elas forem feitas não queremos carregar o ambiente de tal forma que se torne uma poluição visual. Outra dica bem legal é trabalhar com temas específicos de acordo com a sazonalidade de um produto ou que esteja ligado a algum evento ou data comemorativa. Por exemplo: Olimpíadas, Copa do Mundo, Dias das Crianças, Festa Junina, Páscoa, etc. Mas é importante que o tema escolhido esteja em evidencia, não faz sentido, por exemplo, realizar um trabalho com o tema de Páscoa em Dezembro. O tema deve estar em evidência para que o consumidor seja atraído por algo que ele sabe que está ocorrendo durante aquele período. Outro detalhe é que podemos, por exemplo, fazer uma exposição de TVs usando a temática de páscoa, ou seja, podemos pegar carona na sazonalidade de outros produtos, mesmo que a princípio pareça não fazer muito sentido. Se fizermos um bom trabalho de exposição com criatividade e bom gosto teremos ótimos resultados.
Pessoas próximas a Steve Jobs diziam que ele tinha o tal “campo da distorção da realidade” que estava presente nas ocasiões mais desafiadoras de sua vida. Por exemplo, quando alguém lhe dizia: “não pode ser feito” o “campo da distorção da realidade” entrava em ação. Isso aconteceu quando ele pediu um tipo especial de vidro para o primeiro iPhone, os fabricantes ficaram horrorizados com a absurda data limite para entrega na matéria prima. “Não se preocupe” dizia Jobs “Vocês são capazes, vocês vão conseguir fazer, vocês vão conseguir fazer”. Sua insistência empurrou-os além do que eles pensavam que era possível e desta forma conseguiram entregar o material dentro do prazo, o que possibilitou que a primeira remessa do produto fosse entregue na data estipulada.
Isso nos mostra que podemos sucumbir à idéia de que a crise realmente pode nos derrubar, mas também podemos concluir que esse é o momento de inovar, pensar diferente e fazer diferente. Assim como o líder da Apple podemos também usar o “campo da distorção da realidade” para motivar aqueles que trabalham conosco a também fazer o mesmo.
Assim para que a criatividade aconteça devemos sair da zona de conforto. Ter em mente que não tem atalho deve haver mudanças de paradigmas e transformações estruturais. O varejo está trilhando esse caminho e o futuro pertence aos profissionais que conseguirem continuamente ser criativos, descobrindo e explorando as oportunidades emergentes. Nesse cenário identificaremos dois tipos de profissional: Os corajosos, sendo pioneiros criativos e inovadores e os medrosos que hesitarão e ficarão para trás. A minha pergunta de reflexão é: em que capítulo da historia você deseja estar? Edson Souza
Fundador do PDV CRIATIVO
Possui mais de 20 anos de expertise no varejo com cases de sucesso em empresas como: Selmi, Mabel, Marilan, Itaipava, M Dias Branco entre outras.